Para quem tem um cachorro em casa, a palavra leishmaniose causa arrepios. Trata-se de uma doença extremamente cruel que acomete cães e humanos, tem efeito devastador no organismo e contra a qual ainda existem poucos tratamentos eficazes. Por isso, é importante que tutores aprendam como prevenir a leishmaniose, para garantir que seu amigo de quatro patas nunca sofra desse mal.
A leishmaniose é causada por um protozoário chamado Leishmania chagasi e é transmitida por um mosquito muito pequeno, de cor clara. Único vetor da doença, este mosquito recebe diversos nomes, como mosquito-palha, cangalhinha ou birigui, e é mais comum em áreas de floresta ou locais sujos, com grande quantidade de matéria orgânica em decomposição, como lixo, restos de comida, fezes ou folhas mortas.
O tratamento contra essa doença em cães ainda é novo, os remédios são agressivos e não podem ser tomados por todos os pets. Além disso, o medicamento não tem efeito de cura, atuando apenas no controle dos sintomas e diminuindo a quantidade de parasitas no organismo. Se não for tratada corretamente, a doença é fatal. Por esses motivos, prevenir a leishmaniose ainda é o melhor caminho.
Para ajudar a afastar esse problema do seu companheiro, explicamos abaixo como a leishmaniose é transmitida, seus principais sintomas e, mais importante, como garantir que seu cão esteja sempre protegido contra essa doença.
Formas de transmissão
A fêmea do mosquito-palha se alimenta de sangue de animais e, dessa forma, transmite a doença para os cães e também para as pessoas. O cachorro, quando picado por um mosquito que esteja carregando o protozoário, é infectado. Quando isso acontece, ele pode ficar doente e também passa a ser hospedeiro.
Ao se tornar hospedeiro, o animal passa a carregar o parasita em seu organismo pelo resto da vida. Se for picado novamente por outro mosquito-palha, esse inseto suga o protozoário de seu sangue e, a partir daí, pode contaminar outros cães ou pessoas.
É importante ressaltar que os cachorros não são capazes, de nenhuma forma, de transmitir diretamente a doença entre si ou para as pessoas. O contágio só acontece se o mosquito-palha picar o cão infectado e, em seguida, picar outro animal ou uma pessoa. Por isso, o combate ao mosquito é a melhor forma de prevenir a leishmaniose.
Sintomas
Existem diferentes tipos de leishmaniose, mas os cães podem ser infectados com apenas um deles: a leishmaniose visceral.
Os principais sintomas dessa doença são problemas cutâneos, como descamação e úlceras da pele, pelos opacos e quebradiços. Além disso, o cão pode começar a apresentar emagrecimento, febre, atrofia muscular, fraqueza, anorexia, lesões oculares e aumento exacerbado das patas e unhas.
Quando evolui para um estágio mais avançado, a doença passa a afetar fígado, baço e rins, levando o animal à morte.
Mas essa é uma doença silenciosa, pois, após ser contaminado com o parasita, o cachorro pode levar até seis anos para começar a manifestar os sintomas. Por isso, é importante prevenir a leishmaniose e garantir que os cães passem por consultas e exames periódicos para, caso esteja contaminado com essa doença, possa iniciar o tratamento antes mesmo de apresentar sintomas. O diagnóstico da leishmaniose é feito por meio de um exame de sangue.
Tratamento
Há até pouco tempo, não existia no Brasil tratamento para a leishmaniose em cães. Por isso, quando o pet era diagnosticado com a doença, a recomendação do Ministério da Agricultura era de que deveria ser realizada a eutanásia.
Mas agora há esperança para os cachorros contaminados. Um novo remédio, apesar de não curar totalmente, consegue combater os sintomas e reduzir significativamente a quantidade de parasitas no organismo do cão. Ele deixa de ser um transmissor e pode levar uma vida quase normal.
O medicamento, chamado Milteforan, é utilizado na Europa desde 2007 e, em 2017, teve seu uso autorizado também no Brasil.
O tratamento, no entanto, é longo, tem alto custo e deve ser repetido de tempos em tempos, para manter a doença controlada. Por isso, uma vez diagnosticado com leishmaniose, o pet deverá ter acompanhamento constante de veterinários por toda a sua vida.
Como prevenir a leishmaniose
Existem algumas formas de prevenir que seu cão tenha contato com a leishmaniose e, associadas, elas garantem que seu companheiro passará pela vida sem sofrer com esse mal.
Vacina
Uma das formas mais importantes de prevenir a leishmaniose nos nossos amigos de quatro patas é a vacina. Atualmente existe disponível no Brasil uma única vacina contra essa doença em cães – a Leish-Tec – e, apesar de ela não proteger totalmente o cão contra o parasita, ela tem mais de 96% de eficácia.
Com o acompanhamento veterinário, a vacina deve ser dada a filhotes a partir dos quatro meses, em três doses com intervalos de 21 dias. Depois disso, a vacina passa a ser de uma dose única anual.
A vacina deve ser administrada no cão apenas depois de exames que comprovem que ele ainda não foi contaminado. Ela passa a ter efeito apenas após 21 dias da aplicação da terceira dose.
Uma nova vacina contra essa doença, desenvolvida por cientistas europeus, foi lançada em 2017, mas ainda não está disponível no Brasil.
Coleira repelente
Outro método bastante eficaz de prevenir a leishmaniose é a coleira repelente. Ela é impregnada com um inseticida que espanta e mata o mosquito-palha, e sua ação dura de quatro a seis meses. Durante esse período, os cães ficam protegidos contra a picada do mosquito e ainda ajudam a diminuir o número de insetos, evitando a disseminação da doença.
O repelente usado nessas coleiras é o deltametrina, recomendado pela Organização Mundial da Saúde para combater o transmissor da leishmaniose. Apesar de ser fatal para o mosquito, essa substância é totalmente segura para os cães e os humanos.
Acompanhamento veterinário
O acompanhamento regular de seu pet por um veterinário é essencial para a saúde dele. Apenas um profissional poderá investigar sintomas, realizar exames para checar se o animal está contaminado com leishmaniose e tomar as medidas preventivas ou de tratamentos necessários.
Além disso, o veterinário pode avaliar a saúde do seu amigo de forma completa e ajudá-lo a ter uma vida longa e saudável.
Exames periódicos
Como falamos acima, a leishmaniose muitas vezes é assintomática ou leva anos para se manifestar. Dessa forma, muitos cães estão infectados com esses parasitas, mas seus tutores desconhecem sua condição.
Para ter certeza que seu companheiro está livre desse perigo, leve-o para realizar exames periódicos. O veterinário pode fazer o diagnóstico de leishmaniose com um simples exame de sangue e, quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maiores são as chances de manter a qualidade de vida de seu pet e impedir que outros indivíduos sejam contaminados.
Com esse controle regular, você garante que seu cão fique livre dessa e de tantas outras doenças que podem ameaçar sua saúde.
Ambientes limpos
O mosquito-palha se reproduz e gosta de viver em ambientes sujos, com restos de material orgânico, umidade e pouca iluminação. Por isso, para prevenir a leishmaniose é essencial manter sua casa sempre limpa, sem acúmulo de lixo, fezes ou mesmo de folhas mortas.
Essa atitude é importante para a saúde do seu cão, além de todos os animais e pessoas da área onde você vive. Ao evitar a reprodução dos mosquitos, você ajuda a diminuir os casos de leishmaniose e afasta essa doença de toda a sua família.
Áreas endêmicas
A leishmaniose é considerada uma doença endêmica, ou seja, que se concentra em determinados locais ou regiões e se manifesta regularmente nessas áreas. Por isso, ela não está presente em todas as cidades do país.
Segundo o Ministério da Saúde, Norte e Nordeste são as regiões que possuem o maior número de registros dessa doença entre humanos. Além disso, ela é mais comum em áreas de floresta.
Se você mora em um local onde a doença não é comum, antes de viajar com seu companheiro pesquise se a região para onde pretende ir tem registros de casos da doença e se ela é comum naquele local. Em caso positivo, evite levar seu pet para áreas onde ele correrá um risco maior de ser infectado ou tome medidas de prevenção para garantir que a saúde do cão será preservada.
Leishmaniose x febre amarela
Assim como a leishmaniose, a febre amarela é uma doença transmitida pela picada de um mosquito e é considerada uma endemia. Em ambos os casos, a melhor forma de controle das doenças é o combate ao inseto vetor. No entanto, as enfermidades possuem algumas diferenças.
A febre amarela não afeta animais domésticos, como cães e gatos. Além disso, os vetores das doenças são distintos e se reproduzem em ambientes diferentes: o mosquito-palha, transmissor da leishmaniose, gosta de ambientes sujos e com acúmulo de lixo, enquanto o aedes aegypti, que carrega a febre amarela, se reproduz na água.
Se você ainda tem dúvidas ou quer saber mais sobre como prevenir a leishmaniose e mantê-la bem longe de seu amigo, consulte um veterinário de confiança. Um bom profissional poderá esclarecer todos os pontos e examinar seu pet, para garantir a ele uma vida longa e saudável.
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